26 de abril de 2011

Para não passar em branco

Esta semana, mais uma vez, assistimos horrorizados a notícia da morte de uma criança. Desta vez, a menina Lavínia Azeredo, de 6 anos, asfixiada com o cadarço de um tênis pela amante do pai. Digo mais uma vez porque não são poucas as notícias de morte de crianças por violência doméstica ou sexual, maus tratos, negligência ou acidente. Na semana passada acompanhamos emocionados o resgate da menina Crystal da Silva Cardoso, de um ano e dois meses, que ficou submersa por 20 minutos no Rio Morto, depois de um acidente de carro, mas conseguiu ser reanimada pelos bombeiros. No dia seguinte veio a notícia de que ela não resistiu.

Dias antes,  a menina Letícia Lima dos Santos, de 6 anos, fora esfaqueada e estuprada em Frutal (MG). Em Brasília, no início de fevereiro, a menina Daniela Camargo Casali, de dois anos e sete meses, morreu afogada durante a aula de natação na piscina do colégio onde estudava. Três dias antes, em Tefé (a 525 quilômetros de Manaus) um menino de um ano de idade (seu nome não foi divulgado) morreu carbonizado em casa, enquanto seus pais estavam em uma festa.

Isso para falar de casos noticiados em pouco mais de um mês. No final do ano, houve o caso da menina Stephane dos Santos Teixeira, de 12 anos, morta após receber vaselina na veia em vez de soro. Aqui mesmo, em Ribeirão Preto, Maria Cecília da Silva, de seis meses, morreu afogada em um balde com água utilizado para umidificar o ar, que estava ao lado da cama em que ela dormia, no mês de setembro. Um caso semelhante já havia ocorrido em outubro de 2009, quando outra criança, esta de quatro meses, também morreu afogada em uma bacia ao lado da cama.

Enfim, uma sucessão de fatos – tristes, muito tristes - que não podem ser ignorados. Na correria da vida fica difícil refletir com profundidade. A gente assiste ou lê a respeito, se emociona, chora, lamenta ou se revolta, até se coloca no lugar dos pais e é capaz de sentir a sua dor. E então segue o curso da vida... Um dia após o outro. Como se não fosse conosco. Até o dia em que um pesquisador lança os resultados de um estudo com as razões científicas para o aumento do índice de mortes de crianças. Pronto! Está explicado. Até o dia em que um historiador, lá no futuro, escreve sobre a razão pela qual a humanidade deixou de se importar com suas crianças, de se incomodar com a sua morte...

Mais qual sentido é este?  O que está acontecendo? Os pais não amam mais seus filhos, não zelam mais por eles, a vida está muito difícil, muito corrida, é preciso ganhar o sustento das crianças e, por isso, não há tempo para cuidar melhor deles, os seres humanos estão voltando às origens e se tornando selvagens, o “fim do mundo” está próximo? Afinal, alguém pode responder?

Vamos pensar juntos à respeito, para que esperar a próxima notícia. Vamos conversar, polemizar, teorizar. Definitivamente, vamos fazer algo. Sem politizar. Apenas porque sou mãe, e você também, ou é um pai. Apenas porque somos seres humanos e podemos – sim – pensar e agir diferente.

No dia 29 de março serão três anos da morte de Isabella de Oliveira Nardoni. Só mais um dia de dor para os que a amavam. Assim como tantos dias para tantos outros... Mas esta dor, embora não estejamos atentos, também é nossa.

Pense, comente!

Informe-se:
Violência contra criança é maior que estatísticas

Postado em 04 de Março de 2011 às 17:03 na categoria Pausa e Ponto do blog Retalhos

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