É sempre muito prático — e sedutor — o ponto de vista prático...
Mas aonde tem nos levado a racionalização?
Perto de celebrar-se mais um “Dia das Mães”, vejamos um caso
“prático”: a terceirização do Centro de Convivência Infantil – CCI, do HCRP. Uma
história de sucesso, construída ao longo de 30 anos, ameaçada de extinção pela
matemática. Sim, pelo racional e sedutor “jogo de números”, onde o ‘custo
operacional’ de manutenção de uma criança em infraestrutura própria ‘sai muito mais
caro’ do que em escolinhas terceirizadas.
À visão administrativa, por certo, se vislumbra o benefício
de melhor investimento desta diferença. Do ponto de vista prático — até eu —
sou a favor. E uma rápida olhada no ofício anexo foi suficiente para
convencer-me.
Sou prática!
Mas, antes, sou mãe...
Então, antes de erguer a bandeira da praticidade, ergo a da
humanidade.
Não vejo como calcular em números, do ponto de vista
financeiro, o benefício da segurança de uma mãe em deixar seu filho acolhido
onde e como deseja.
Sendo o CCI um benefício conquistado e arraigado, tomo essa
terceirização por hedionda.
E se me perguntam – que tenho eu com isso ? – se não sou
funcionária do HC e não usufruo da creche, respondo: TUDO.
Porque esta não é a dor apenas das mães do HC, mas de todas
as mães deste e de todos os países, que são incapazes de sustentar políticas
protetoras da maternidade e do trabalho.
Quisera eu ter semelhante oportunidade!
E esta é uma chaga da humanidade.
A mulher tem o direito natural ao trabalho e à maternidade,
e isso precisa ser – definitivamente – entendido, respeitado e protegido.
Amamentação, proteção, proximidade, zelo, acalanto, aconchego,
segurança, afetividade não são só palavras... São indispensáveis, principalmente
no período de formação da personalidade do indivíduo.
Há coisas imensuráveis na vida, e o bem infantil lidera esse
rankig.
Nisso reside tudo.
Só uma mãe sabe a dor que sente no primeiro dia, ao deixar seu filho numa creche, na ânsia de ser bem cuidado.
Só uma mãe sabe a proporção, a medida, o tamanho, a intensidade, o valor, enfim, desse cálculo.
Nisso reside tudo.
Só uma mãe sabe a dor que sente no primeiro dia, ao deixar seu filho numa creche, na ânsia de ser bem cuidado.
Só uma mãe sabe a proporção, a medida, o tamanho, a intensidade, o valor, enfim, desse cálculo.
Por isso, mais que injusto ou cruel, é desumano, tirar
dessas mães esse direito adquirido.
Não importa se por conforto, por segurança, por qualidade ou
por comodidade, que seja, essas mães desejam a manutenção desse atendimento.
O que importa, é que essa é uma decisão que só a elas cabe.
Porque para uma mãe, tudo isso não se calcula, e o seu bem
estar é o do filho.
Às custas de ações como estas, que colocam na mesma balança
o que não pode ser comparado, vemos crescer dia a dia nos noticiários histórias
horripilantes de ações que põem em dúvida a humanidade dos seres humanos...
Do ponto de vista prático, portanto, esta pode-se chamar de uma economia burra.
Do ponto de vista prático, portanto, esta pode-se chamar de uma economia burra.