26 de abril de 2011

Mais do mínimo

salário mínimo
O plenário da Câmara dos Deputados reúne-se hoje - em sessão extraordinária, é claro -, para a votação do aumento do salário mínimo. Nos últimos dias, ávida por pautas, muito especulou a imprensa acerca de diferentes propostas de valores e suas conseqüências para a economia do país, além de destacar posicionamentos políticos a favor ou contra o aumento proposto pelo governo de R$ 545,00. Faltou apenas perguntar para o povo o que ele acha.

Ora, mas que inocência a minha. É claro que ele acha que ganha pouco e que merece um reajuste à altura - não de sua subsistência -, mas de uma vida digna, com direito ao consumo de bens não só alimentícios ou vestuários, mas também de tudo o que a tecnologia e o conforto podem oferecer, além, obviamente, dos prazeres de freqüentar bons restaurantes, assistir belos espetáculos, adquirir joias e obras de arte e viajar em férias com a família.

“Macaco velho” nessa história de pão e circo o povo cansou de gritar, de esbravejar, de ser socialista, de sonhar... Recolheu-se em si mesmo, em algum tempo entre a Ditadura e o “Fora Collor”, e já não acredita mais nem que Hobin Hood tenha existido. A coisa vem assim desde meados da década de 30, quando o salário mínimo foi instituído. Não vale à pena, agora, perder tempo torcendo por jogo comprado, não é mesmo? Amanhã o salário mínimo será de R$ 545,00. E olhe lá...

Os representantes das centrais sindicais e integrantes das Confederações Nacionais da Indústria e dos Municípios são apenas figurantes de mais este “ato” da Democracia.  Fazer o que se não soubemos escolher os papéis principais?

Driblando daqui e ludibriando dali, o reajuste que já deveria estar no bolso do trabalhador desde o primeiro dia do ano, só está saindo agora. "Vamos dar Graças a Deus”, diria o bom caboclo, esquecendo-se de tudo... Esquecendo, por exemplo, que em dezembro, no último dia de votação na Câmara, o plenário aprovou o projeto de aumento de 61,83% nos próprios salários, de 133,96% no  salário do presidente da República e de 148,63% no salário do vice-presidente e dos ministros de Estado, igualando tudo em R$ 26.723,13, mesmo valor do salário do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

E dá-lhe: Liberdade, igualdade e fraternidade. Pois, é... Lógico que não daria para discutir reajuste do MÍNIMO logo depois disso. Afinal, onde ficaria a cara - de pau – dos parlamentares aprovando ninharia para o povo?  O Congresso daria mais aumento e vocês sabem (a imprensa enfatizou) nas contas do Palácio do Planalto, cada real de aumento significa acréscimo superior a R$ 280 milhões no orçamento do governo. Uma lástima!

Mas não sejamos pessimistas (tampouco otimistas). No episódio vergonhoso do próprio aumento foram 35 votos contrários. Quem sabe a "memória do caboclo" funcione em 2014 e mais andorinhas façam verão...

Enquanto isso, o show da vida continua... E a apresentação dos palhaços é a mais assistida.


Informe-se:
"Quem apoiou a votação do aumento para os parlamentares"

Postado em 16 de Fevereiro de 2011 às 16:02 na categoria Pausa e Ponto do blog Retalhos

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